Perdão.

Além de desculpas a todos os meus amigos gremistas (e que não são poucos), este texto é um desabafo. Uma coisa que preciso dizer há muito tempo, mas justamente por não saber de onde vem esse sentimento inexplicável, permaneci calada.
Pra começar, gostaria de esclarecer que não torço por time algum. Sou carioca, mas não sou flamenguista, nem fluminense, vascaína ou botafoguense. Minha família materna é catarinense, já morei atrás do estádio Orlando Scarpelli e não sou Figueirense. Também não sou Avaí. Moro no RS e não sou colorada. Não sou Juventude. Não conheço o Caxias.
Inclusive, quem me conhece bastante, sabe a opinião que tenho a respeito de times de futebol e, talvez a minha única idéia em comum com o babaca do Diogo Mainardi: “Futebol É irrelevante”. Se todos os canais de TV deixassem de apresentar jogos de todos os campeonatos, acreditem, eu não perceberia.
Mesmo assim, existe um sentimento que insiste em me assolar, e...meus amigos que tanto amo, não me desgostem por isso, por favor:
Mas eu tenho PAVOR do Grêmio.

Não me perguntem por quê. É tão inexplicável quanto olhar pra uma pessoa e..sem motivo nenhum... não gostar dela. Ou, com todos os motivos pra gostar, simplesmente repudia. NÃO TEM explicação. Não tem.
Muitos diriam que isso pode ser uma espécie de recalque, afinal de contas o Grêmio tem uma das torcidas mais bonitas e fanáticas do Brasil, conquistas internacionais e bláblábláblá. Até poderia ser recalque se eu fosse torcedora de algum outro time. Mas como eu já disse, não torço pra ninguém que não seja eu mesma.
A única certeza que tenho, além da inevitável morte, é a de que não gosto do Grêmio. Isso pode ser caso de terapia e, até mesmo, de regressão.
O médico vai chegar pra Stefani, com seus 5 anos de idade, e perguntar:

- Pois então, querida, esses meninos que te irritam no Jardim B.... hã...assim...por acaso.... usam a camiseta de algum time?
-------
A boa notícia que tenho aos meus Amigos Tricolores é que o Grêmio é tão importante, mas TÃO importante que jamais poderá ser desprezado: Ou tu amas, ou odeias. Não conheço uma pessoa que seja indiferente.

Saliento também que não presenciei ainda um milagre que contrariasse tanto as probabilidades dentro de um jogo de futebol como a do dia em que o tricolor, com quatro jogadores expulsos, conseguiu inacreditavelmente ser campeão da série B. E de virada. É muita garra, reconheço.

Mesmo assim, não me convence.

E não foi por falta de tentativa de reverter isso. Inclusive tentei torcer pelo Grêmio contra o Boca Juniors na disputa pela Libertadores. Era a chance de provar a mim mesma que não tenho nada contra o tricolor. Afinal, era um time brasileiro, jogando contra um ARGENTINO. Não teve jeito, a cada gol do Boca... eu sentia aquela risadinha marota vindo lá de dentro do peito, uma satisfação...uma felicidade incontrolável.

Eu sei que do jeito que essa vida é irônica, do jeito que a gente paga com a língua a certas coisas que diz, não duvido que possa me casar um dia com um gremista daqueles DOENTES que se jogam chorando e esperneando no chão quando o time está sendo injustiçado...e também não duvido que possa vir a ter um FILHO TÃO GREMISTA QUANTO o marido infeliz (acho que não mereço tudo isso, juro). E que os mesmos, através de chantagens emocionais, me obriguem a assistir aos jogos no estádio, com direito a camiseta oficial, AVALANCHE e cantos tricolores dos mais variados, daqueles que arrepiam os pêlos do braço.

Mesmo assim, aqui dentro eu saberei:
Nas profundezas e entranhas da minha alma, meus sentimentos de pavor e repúdio, meu sadismo com a derrota gremista; permanecerão eternamente invioláveis.
Inabaláveis.
Imunes.
Inexplicavelmente intactos.